domingo

Saudades

Hoje apeteceu-me escrever aqui, sei que vais ler. És a única que vai ler, só se por alma do espírito santinho e que alguém por aqui passe.
Já lá vão 38 dias desde que te deixei em Portugal. Vim em missão por 6 meses, para realizar um sonho de há muito tempo. Sou um sortudo por ter esta oportunidade. Vou aproveitá-la ao máximo, mas sempre com muitas saudades tuas, não há dia, ou hora que não pense em ti, em nós e no que virá. Vejo sempre um futuro risonho para nós. Vejo-nos em Paris a passear enamorados, não fosse esta a aclamada cidade romântica. Vejo-nos a desbravar serras e montes na continuação do que iniciamos na Maunça. Chego a pensar muito além disto, tão além que vejo-nos a decorar a nossa casa, a escolha do sofá é sempre a primeira porque será lá que passaremos mais tempo, enrolados um no outro, a partilharmos mimos, a segredarmos aos ouvidos que tanta coisa ouvem, mas que só o som da tua voz me faz sonhar e ser feliz. São pensamentos como tantos outros, mas com a diferença que desejo que sejam verdadeiros. Não é fácil, não será fácil vencer esta distância que separa um dos sentidos mais importantes, o tacto. Mas acredito, e sei que também acreditas, se ambos queremos, juntos vamos conseguir. Vem ai uma recarga que vai atenuar as saudades. Já sonhei milhões de vezes, posso até estar a exagerar, mas foram muitas, com a tua chegada, a minha reacção, a tua reacção, os beijos trocados, os olhares sentidos, a saudade que se apaga num fôlego já bastante apertado. Vai ser tão bom. È tão bom, Foi tão bom conhecer-te, conhecer e conhecer vou continuar, porque não são meses que nos contam os segredos das pessoas, mas a piada está ai, em conhecer, em partilhar. E quando já não houver nada para conhecer? Vamos nos reconhecer, rir de quando nos conhecemos, repartilhar o que partilhamos… como dois tolinhos que somos, não há-de faltar alegria e paixão à nossa beira. Basta olhar para o que escrevo. Pareço um tolinho. Mas apetece-me. É um sonho passado para palavras, pensamentos descritos, tudo num texto, que de elaborado não tem nada, até porque eu e a gramática nunca fomos amigos, mas já nos demos pior.
Falta pouco princesa, semanas…
Cá te espero, e por esse motivo te agradeço…por me vires visitar trazendo o que mais gosto, as tuas bochechas, a tua voz, ai os teus beijos, o teu corpo, o teu toque que tanto anseio.
Breve, brevemente.
Um até já….

P.S.(para ler daqui a 20 anos) Deves achar que és escritor, lá por teres acabado agora mesmo o memorial do convento, deves pensar que escreves como o Saramago.